Aqui um acontecimento que me ocorreu durante uma viagem à trabalho que fiz à Alemanha há uns anos. Eu estava na sede da DHL em missão técnica pelo Sebrae, interagindo com o grupo que participava de uma visita guiada pra conhecer os equipamentos e as principais tendências da empresa líder em logística no mundo, com mais de 600 mil funcionários. No fim da visita, depois de ter contato com sistemas e métodos usados pela empresa pra dar vazão à milhares de entregas feitas globalmente a cada instante, todos começaram a trocar cartões de visita, degustar um café e conhecer de fato, quem era quem.
O grupo, durante a visita, foi muito bem recepcionado por uma Relações Públicas da empresa, que tratou de dar destaque para cada um dos que estavam participando daquela visita, lendo os cartões de apresentação e agradecendo a presença individualmente, por nome e função.
Pra aquela visita, eu resolvi fazer um cartão caprichado. Diferente do cartão institucional da empresa, que era muito simples e frio, fiz um cartão especial, com link e direcionamento com QR Code para as ações que eu já estava fazendo em Manaus, nos projetos junto às startups.
Quando a chegou a minha vez de ser apresentado pela Relações Públicas, ela olhou meu cartão e arregalou os olhos com admiração. Eu pensei “Poxa, ela se impressionou. Valeu a pena dar uma caprichada no visual. Designer aqui é fera demais.”
Foi então que ela disse:
Eu quero agradecer muito a presença aqui ilustre de Denys Cruz, líder de projetos da empresa Amazon!
Eu havia colocado no meu cartão de visita a minha localidade escrita dessa maneira:
Denys Cruz - Project Manager
Leonardo Malcher Street ( Local do trabalho )
Amazon - Brazil
O grande detalhe, que acabou gerando a confusão, foi exatamente a palavra Amazon, usada pela ultra bilionária empresa do Jeff Bezos, que se inspirou no maior rio do mundo, o nosso Amazonas.
A Relações Públicas, muito simpática e educada seguiu dizendo: “Mr. Cruz, poderia nos contar um pouco sobre o trabalho que a Amazon está realizando no norte do Brasil? Vocês estão com sede física lá?” Isso falando em inglês.
Buscando esclarecer a situação e com uma vergonha gigante, deixei claro pra ela o nome do nosso Estado e o equívoco gerado com a descrição Amazon que estava no cartão.
Na real eu deveria ter colocado a palavra “Amazonas” e ter evitado ter ficado vermelho. Um equívoco meu.
A visita seguiu, tivemos excelentes conexões que depois renderam muitas interações importantes para os nossos projetos locais.
Mas essa história me veio em mente essa semana ao pesquisar algumas oportunidades, justamente envolvendo o idioma inglês e que me fez lembrar sobre como é importante ter um domínio básico dessa língua.
É impressionante pensar que temos um caminho gigante pra percorrer nesse sentido. Estamos na posição 60º no ranking de proficiência em inglês, com apenas 1% da população brasileira tendo a fluência no idioma.
A gente sabe que um profissional que possui fluência no idioma pode ter um salário até 61% maior do que pessoas que não possuem essa qualificação e o domínio do idioma está diretamente ligado ao nível hierárquico em muitos ambientes.
Mesmo sabendo disso, por que o nosso nível no idioma é tão deficiente?
Porque estudar inglês ainda é muito caro e fluência exige no mínimo umas 1.000 horas de dedicação, pra uma pessoa ser capaz de compreender praticamente tudo que ouve e lê, ter argumentos e apresentá-los de maneira coerente e resumida com um grau de precisão.
Não é tarefa fácil.
Por isso que programas de incentivo, sejam vindos de prefeituras ou instituições público-privadas são essenciais pra permitir com que mais pessoas consigam atravessar essa barreira e ter acesso a alternativas de ter enfim dominar esse idioma.
Ainda que tenhamos tantas soluções digitais que facilitam a vida e ajudam no processo de tradução, o domínio é algo a ser buscado. Primeiro, pra própria sobrevivência no mercado super competitivo e segundo, pra não passar pelo que passei com meu cartão de visita.
🌊 Rios Voadores
Oportunidade pra ser um jovem embaixador e ir para os Estados Unidos com tudo pago.
🔵 Texto feito por Denys Cruz, mestre em ensino tecnológico, especialista em marketing e pesquisador em Manaus, Amazonas. É também analista técnico do Sebrae Amazonas.