Reator 2 | #14 | Democracia do design
Muita gente virando "canveiro" e criando suas próprias artes
Não é todo mundo que tem as habilidades necessárias pra definir uma boa paleta de cores em uma determinada criação gráfica ou até mesmo escolher pictogramas adequados e que combinem com a intenção e propósito da comunicação que se quer transmitir. Pra que as coisas funcionem bem em uma produção visual, há de se ter uma série de estudos prévios pra se chegar em um formato de design adequado. Como publicitário, minha vida, nos últimos 15 anos, sempre foi de atender demandas de design pra rotinas criativas pra desenvolvimento de peças, desde um simples cartão de visita à itens mais complexos. Algo definidor nesse processo foi o conhecimento árduo dos softwares de edição.
Digo que "foi" nos últimos tempos, pois por intermédio de pequenas iniciativas, a supremacia dos criativos foi se transformando. Uma das que tem colaborado pra isso é a startup Canva, um site pra criação rápida de artes visuais, da empreendedora Melanie Perking.
Quando participei do Websummit em Lisboa em 2019, (recheado de nomes de peso, tais como o do presidente da Microsoft Brad Smith e o ex Premier britânico Tony Blair) Melanie Perkins fez questão de ir direto ao ponto e tornar claro seu ponto de vista sobre esse mercado de criatividade:
"O design deve ser simples e acessível a todo o mundo. Não é algo que deva ser exclusivo e reservado apenas para alguns".
Essa percepção faz girar a chave sobre a identificação de necessidades a serem atendidas e que estão aguardando por soluções. Sobretudo no que se refere o fator "economia de tempo do cliente", como um fator de ignição pra iniciar projetos. Foi o que Melanie fez com o Canva.
Na visão de Melanie, existem muitas pessoas que têm auxílio de um designer, mas há um número muito menor de pessoas que podem realmente passar um bom tempo aprendendo programas de edição.
Perkins viu a necessidade de criar essa ideia enquanto estudava na Universidade da Austrália e ensinava outros estudante sobre como usar softwares tradicionais de design. Na opinião dela, essas ferramentas custavam caro e eram difíceis de aprender e usar.
E portas abertas foi o que não encontrou. Mesmo com o descrédito de muitos sobre a real funcionalidade da ferramenta, ela persistiu. Hoje conta com a avaliação mercado em US$ 16 bilhões, sendo uma das startups de tecnologia comandadas por uma mulher mais valiosas do mundo.
Usabilidade para ser útil
Pra ela, o foco está na utilidade de uso pra maior quantidade de pessoas possíveis.
“O uso do Canva vai desde alguém em busca de um emprego à um xerife dos EUA, que usa a ferramenta para criar pôsteres de procurados e até mesmo pegar criminosos”.
Hoje, o Canva é usado em 190 países e a companhia tem mais de 100 milhões de usuários mensais ativos.
Muita gente tem optado em usar o Canva ao invés de abrir os softwares tradicionais da Adobe, como Illustrator ou PhotoShop. São os famosos canveiros.
Um exemplo de startup com espaço de crescimento enorme para os próximos anos, merecendo atenção sobre como a experiência do usuário, avaliada constantemente pela equipe e que tem permitido com que os avanços da ferramenta sejam frequentes. Me parece que o caminho trilhado passa pela “democratização oportunizada” do acesso, que neste viés, uma área com classe e formação. É a disrupção passando por cima de todos. Que venham mais áreas a serem exploradas.
🌊 Rios Voadores
Canva anunciou novas ferramentas de design com inteligência artificial. A disputa com a Adobe vai aumentar.
🔵 Texto feito por Denys Cruz, mestre em ensino tecnológico, especialista em marketing e pesquisador em Manaus, Amazonas. É também analista técnico do Sebrae Amazonas.
Sou uma "canveira" de carteirinha. O site realmente mudou o meu jeito de fazer as coisas!