Ao pesquisar a palavra hackathon, você vai ver uma quantidade enorme de eventos e encontros realizados por diversas empresas e instituições ao redor do mundo.
Reunir programadores, designers e outros profissionais em torno de desafios reais é o coração desse tipo de atividade. O método, que começou nos Estados Unidos no ano de 1999, se popularizou e passou a ser utilizado em ampla escala. Antes da pandemia, lembro de ver um “boom” desse tipo de evento, surgindo em todo lugar.
Em 2018 até o Vaticano fez o deles.
Alguns organizadores enxergam no hackathon uma oportunidade de recrutamento de novos talentos, outros entendem que é uma forma interessante de divulgar plataformas de tecnologia de suas empresas e outras instituições só querem ter suas marcas associadas a algo bacana, jovem e tecnológico.
O efeito novidade desse tipo de evento no Brasil ajudou a levantar algumas empresas realizadoras e também patrocinadores super interessados no que anda acontecendo dentro dessas atividades. Mas também despertou atenção.
Um estudo divulgado pela Wired descobriu que organizadores de hackathons pesquisados aproveitavam o trabalho gratuito dos participantes para criar "expectativas falsas de inovação”. Sharon Zukin, professora de sociologia no Brooklyn College e no CUNY Graduate Center e desenvolvedora do estudo, passou um ano observando sete hackathons liderados por corporações, na cidade de Nova York, entrevistando participantes, organizadores e patrocinadores. Na análise da professora, esse tipo de evento nada mais é do que reunir gente pra fazer trabalho não remunerado para empresas, mesmo que sejam hackathons lançados por escolas ou organizações sem fins lucrativos.
“Eles estão apenas tentando arrancar a inovação de seus funcionários”, disse Sharon Zukin na entrevista pra Wired.
Esse estudo sobre o tema não é tão recente, mas ainda assim merece atenção e nos levantar alguns questionamentos:
Realmente os hackathons estão entregando as soluções que prometem despertar?
Será mesmo que no fundo, não passa de um momento apenas pra interagir e se divertir, pegar uma camiseta, tomar uma cerveja e ir embora?
Falando com base nas experiências que tive, do que eu já vi de métodos, o hackathon ainda assim é uma das melhoras formas de gerar mobilização e novas ideias, em um formato de desafio, gerando engajamento e competição em equipe.
Por outro lado, a professora Sharon tem razão em relação aos resultados que esse tipo de evento de fato gera na pós-realização. São diversos casos de atividades que começam e terminam, sem mostrar um único desdobramento ou ideia sendo implementada, depois de tantas horas de dedicação, esforço e desgaste.
Mas será que hackathon continua sendo interessante?
Eu responderia que sim. Penso que dentro da possibilidade, escolas, empresas, grupos de trabalho deveriam pensar em como usar hackathons para desbloquear a inovação e fortalecer o trabalho em equipe, principalmente agora, nesse D.C (Depois da Covid), em que muito do que a gente tinha de relações construídas, acabou sendo radicalmente transformado com a pandemia.
A experiência de ter ajudado a realizar diversos eventos desse tipo, seja na organização ou no apoio, me fez convencer da força que o formato tem pra reter e atrair pessoas talentosas e ideias interessantes, ainda mais em um momento onde todos esperamos mais valorização e propósito, seja no trabalho, na escola ou em qualquer lugar.
Penso que o desafio para os organizadores está em construir um formato que possa ser mais útil pra todos os participantes e que não fique apenas na festa, na postagem em redes sociais, com resultados pouco proveitosos.
🌊 Rios Voadores
Matéria da Entrepreneur elenca algumas vantagens de se fazer um Hackathon dentro da empresa.
🔵 Texto feito por Denys Cruz, mestre em ensino tecnológico, especialista em marketing e pesquisador em Manaus, Amazonas. É também analista técnico do Sebrae Amazonas.