Reator 2 | #15 | Inovação é prioridade?
Pesquisa traz um panorama atual da inovação no Brasil
Inovar vai pra além de apenas utilizar novas tecnologias e novos equipamentos. Significa mudança na cultura e na governança das organizações, estimular o intraempreendedorismo, trabalhar em ações que possam incentivar parcerias com startups e novos modelos de negócios.
Pra isso acontecer dentro de uma instituição ou empresa, o trabalho envolve um esforço com os times internos e também a liderança, na sensibilização em relação ao tema.
Soma-se a isso a necessidade de autonomia interna dos colaboradores pra que haja a condição de pensar em soluções que possam ser consideradas criativas, únicas e com possibilidade de dar resultados concretos.
Pra entender um pouco mais sobre onde estamos, trago na postagem de hoje alguns destaques de uma pesquisa feita pela ACE Cortex, que é uma consultoria de inovação, que tem clientes como Caloi, Bayer e Gol. Eles lançaram a edição desse ano da ACE Innovation Survey, uma pesquisa que funciona como uma fotografia do panorama atual da inovação no Brasil, levando em consideração as tendências observadas no mercado nacional.
O levantamento traz dados que envolve a percepção de preparo dos líderes sobre o tema da inovação e os desafios da gestão. Você pode baixar o report com mais detalhes diretamente nesse arquivo e fazer uma leitura completa. Está em português.
A pesquisa recebeu respostas de 128 colaboradores de diferentes empresas desde a alta liderança, diretores e colaboradores responsáveis pela gestão como gerentes e coordenadores.
Aqui os números que mais me chamaram a atenção e que quero destacar pra você.
De acordo com o relatório, mais de 70% dos colaboradores entrevistados acreditam que a inovação é uma prioridade dentro das organizações em que atuam, mas uma parcela considerável das companhias ainda não sabe como se organizar para inovar e nem como medir a inovação.
40,7% das empresas respondentes não possuem um sistema efetivo para testar e validar iniciativas.
Para os entrevistados, o sucesso da inovação nas organizações passam pelo tripé envolvendo cultura, estratégia e liderança.
Quando perguntados sobre as principais barreiras para a inovação nas empresas em que trabalham, a cultura organizacional fica com quase 55%, seguido de problemas envolvendo estratégia e engajamento da liderança.
Quando perguntados sobre as principais iniciativas de inovação que as empresas utilizam, as principais respostas foram:
54,68% trabalham com programas de inovação aberta;
53,12% tem algum programa de transformação digital;
43,75% trabalham utilizando modelos de organização por squads.
Aqui uma constatação clara!
Mais da metade das empresas já tem implantado programas essenciais pra trazer o processo de inovação pra dentro, mas apenas isso não é suficiente se a cultura interna e liderança não estão preparadas pra fazer com que o processo seja potencializado.
Quando perguntados se as empresas onde atuam possuem estrutura, processos, pessoas e métodos que favoreçam a inovação, 46,87% dos entrevistados se mostraram “indiferentes”, indicando uma consequência de falta de governança.
Sobre parcerias, um número que também chama a atenção:
79,69% das empresas já possui algum tipo de interação com startups. Essa relação das startups com as empresas, na maioria das vezes, são pra fornecimento de serviços ou pra impulsionar projetos de inovação, o que já mostra uma sensibilização do ambiente pra receber as soluções desse tipo de negócio. As empresas entenderam que se conectar com startups ajuda a trazer soluções rápidas de interação nos negócios junto aos seus clientes.
Agora a pergunta mais importante da pesquisa, ao meu ver:
A consultoria perguntou pra quem atua em parceria com startups:
Vale a pena trabalhar com startups? Veja a resposta:
Apesar do relatório avaliar que para a maioria dos respondentes vale a pena trabalhar sim com startups, vejo com atenção o fato dos respondentes escolherem a resposta “satisfatório”.
É um bom percentual, quando somado com os que consideram a relação com startups um sucesso, mas ao escolher a alternativa “satisfatório”, a maioria deixa subentendido possibilidades de melhoria nessas parcerias e a presença de objetivos alcançados parcialmente. Fiquei curioso pra ver a taxa de recorrência das parcerias das empresas com startups e se elas voltariam a contratar os serviços em experiências futuras. Não vi isso no nesse relatório.
Um ponto de destaque também tem a ver com o conhecimento interno das métricas de inovação nas empresas por parte dos colaboradores. Um percentual alto de 39% deu a avaliação zero!!!
A pesquisa também solicitou a avaliação dos colaboradores, com uma nota de 1 a 5, o quanto suas empresas adotam métricas do impacto gerado por projetos de inovação. A pontuação média obtida para essa pergunta foi 2,44, de fato preocupante, que reafirma falta de governança e de estratégia, além de despreparo das empresas para medir a inovação.
O relatório segue com as percepções envolvendo programas de diversidade e ESG e que vale a pena conhecer.
As conclusões desse levantamento enfatizam em praticamente todo o documento a insuficiência por parte da liderança no que se refere a preparação pra conduzir as empresas para um futuro inovador, dando insights quanto a preparação necessária pra atuar nessa frente.
🌊 Rios Voadores
Ranking das 25 startups com maior potencial no Brasil.
Pra quem está no Amazonas, programa de pré-aceleração de startups está com inscrições abertas.
🔵 Texto feito por Denys Cruz, mestre em ensino tecnológico, especialista em marketing e pesquisador em Manaus, Amazonas. É também analista técnico do Sebrae Amazonas.