Dias atrás, durante uma viagem de carro que fiz com alguns colegas de trabalho para o município de Itacoatiara, aqui no Amazonas, fomos tomados por um momento longo de nostalgia. As condições sinuosas da rodovia foram aliviadas, graças às conversas sobre filmes dos anos 80, 90 e 2000. Enquanto eu encarava a buraqueira dirigindo, as memórias cinematográficas inundavam nossa conversa, trazendo à tona risadas e alegria compartilhada.
Entre as muitas pérolas do cinema mencionadas, filmes como "De Volta para o Futuro", "Uma Linda Mulher", "De Repente 30", "Indiana Jones" e "Curtindo a Vida Adoidado" despertaram emoções intensas em cada um de nós. À medida que compartilhávamos cenas icônicas e diálogos memoráveis desses clássicos, o clima do carro se transformava em uma verdadeira celebração da cultura pop. Era como se estivéssemos trazendo à vida personagens amados e revivendo momentos que moldaram nossa juventude.
A mera menção do DeLorean de "De Volta para o Futuro" ou a cena em que Julia Roberts é surpreendida pela loja de roupas em "Uma Linda Mulher" gerava muita risada. Enquanto discutíamos a inteligência e a coragem de Indiana Jones, ou a rebeldia inspiradora de Ferris Bueller em "Curtindo a Vida Adoidado", parecia que o tempo havia recuado e estávamos vivendo esses momentos novamente.
Isso está conetado com uma tendência atual pela nostalgia.
A nostalgia tem o poder de transportar as pessoas para um tempo diferente, permitindo que elas revivam memórias e se conectem com emoções passadas. Filmes como "Titanic", que se tornou um verdadeiro ícone cultural desde sua estreia em 1997, são capazes de despertar uma sensação de familiaridade e pertencimento, independentemente da idade do espectador. Através da história de amor épica de Jack e Rose, o filme captura não apenas a tragédia do naufrágio do navio, mas também a efervescência da juventude e a paixão intensa vivida pelos protagonistas. Essa combinação de elementos, cenas memoráveis e uma trilha sonora marcante faz com que o público se sinta emocionalmente conectado e, muitas vezes, reviva a emoção que sentiu ao assistir ao filme pela primeira vez.
Foi o que a VW tentou gerar ao lançar seu filme publicitário unindo Elis Regina e Maria Rita, com ajuda de Inteligência Artificial. O vídeo já tem 20 milhões de visualizações em 9 dias. Por mais questionável que seja tudo que gira em torno dessa produção e seu significado histórico, o que se buscou foi reviver o passado.
E quando se faz isso, seja em um diálogo de viajantes ou em ferramentas de comunicação, o que se quer é encontrar um tesouro esquecido, capaz de unir pessoas e gerar momentos de felicidade.
Relatórios como os da agência WGSN denominam essa sensação, cada vez mais presente no consumidor, como sendo uma prática da cultura do conforto, que é o fenômeno de perseguir memórias que despertam um senso familiar de alívio.
As marcas entenderam isso.
É o conforto de saber o final de um filme;
É o conforto de tempos mais simples, com coisas que marcaram época em nossas vidas;
É o conforto de não precisar pensar.
Entender isso nos ajuda a compreender melhor o momento atual e a definir formas mais assertivas de comunicar.
Sobre esse assunto, recomendo você dar uma visualizada no relatório da Bits To Brands. Vou anexar ele aqui, pra você baixar, se quiser.
Essa busca por elementos do passado reflete uma busca por conforto emocional e uma lembrança de que, mesmo em tempos difíceis, é possível encontrar momentos de alegria e esperança. Sobre a viagem que fiz, confesso pra você que o assunto foi longe, com tantas memórias.
🌊 Rios Voadores
Essa semana o meu podcast O Analista começou a rodar também no Spotify. Convido você pra acessar e seguir também por lá.
🔵 Texto feito por Denys Cruz, mestre em ensino tecnológico, especialista em marketing e pesquisador em Manaus, Amazonas. É também analista técnico do Sebrae Amazonas.