Essa news de hoje está sendo feita em um trajeto típico da minha região. Estou voltando de uma palestra organizada pelo Sebrae e o Centro de Robótica, fazendo o trajeto de barco, entre os municípios de Maués e Manaus, pelo Rio Amazonas. A ida em Maués foi pra conversar com estudantes e empreendedores locais sobre como é possível despertarmos pra um pensamento mais propício à inovação, tomando por base a decisão própria de se buscar seguir passos mínimos pra isso acontecer, entendendendo que é importante a construção de um ambiente de inovação capaz de dar condições para que uma solução criativa, pensada em uma determinada localidade, possa realmente ficar de pé, fazendo uso de programas e serviços públicos disponíveis.
Por isso esse texto, combinado com imagens do que estava na minha janela no barco. Maravilhosas, por sinal.
E falando especificamente sobre empreender com inovação, é preciso tomar o passo zero. Seja aqui no meio da Amazônia, ou em qualquer lugar onde você esteja.
Na verdade, em minhas palestras, eu elenco alguns “passos zero”.
Um primeiro deles é entender o ambiente de transformação em que todos estamos inseridos. Com automatização, intermediações digitais e super conexão pra todo lado.
Isso envolve entender o universo das startups, que são consideradas como um reflexo das inovações tecnológicas, com formatos que podem de fato transformar mercados e mudar a maneira como interagimos.
As instituições e empresas já entenderam que as startups ajudam a trazer rápidas soluções de interação com seus clientes. 62% dos executivos têm esse entendimento e consequentemente tratam de se aproximar daqueles que podem de alguma forma ajudar a potencializar suas receitas atuais e antecipar tendências (Levantamento Cortex, que eu já comentei em postagens anteriores).
Mais do que se convencer de que pode empreender, é se fazer perguntas sinceras tais como essas:
Será que vale a pena iniciar uma startup nesse momento? Será que vale navegar nesse rio gigantesco?
Como seriam esses passos pra dar início?
Falando em navegar, mais um registro desse rio Amazonas lindo, pra você. Vídeo: Denys Cruz
Para a primeira pergunta, penso que é algo que vai depender muito da sua própria situação de interesse e disponibilidade. Nem todo mundo que quer, pode.
Mas pra segunda pergunta, penso que existam algumas etapas importantes e aqui entram mais alguns outros “passos zero” obrigatórios:
1 – Desenvolver uma ideia (Olhando na janela)
Pode ser meio basicão, mas nada vai ser colocado em funcionamento sem se gastar um tempo pra se chegar em um formato de negócio que possa de fato ser comercializável. Isso envolve tempo de raciocínio, pesquisa e testes que precisam ser feitos. Costumo dizer que basta a gente dar uma olhada pra fora da janela, com um olhar ativado e interessado, pra rapidamente se pensar em uma ideia nova. Não necessariamente estruturada ou divinamente concebida, mas uma ideia vai surgir. Nosso país, nossas cidades, nossa comunidade, nossos ambientes são muito ricos de oportunidades e ao mesmo tempo de demandas não atendidas, infelizmente. Com base em uma dessas demandas que você identificar, é que o desenvolvimento vai ser trabalhado.
2 – Invista em Formação (Não desgrudar dos locais que lhe dão informação)
Como boa parte dos ambientes onde costumo falar tem alguma vertente voltada pra educação, quando entro nesse passo, a ênfase que dou é a de reforçar a necessidade de seguirmos apegados com as nossas fontes de informação, entendendo que não são apenas espaços de transição ou locais físico/virtuais pra aquisição de um mero certificado. São ambientes pra investir tempo e sugar ao máximo o que você pode continuar aprendendo com eles. Vale a pena seguir aprendendo com uma determinada escola ou instituição? Então segue mantendo o seu percurso de aprendizado em uma rotina sequencial, aproveitando as oportunidades, se inscrevendo e participando daquilo que faz sentido pra você.
Importante: Não é pra se tornar um profissional fazedor de cursos e encher o linkedin com certificados do planeta todo. Mas sim, avaliar a possibilidade de absorver, de forma inteligente, tudo o que de bom um espaço de aprendizado pode lhe oferecer. Tem muita coisa boa e muita oportunidade.
3 – Crie um Plano de Negócios (Tira a ideia da cabeça)
Eu tenho um monte de ideias. Anoto as melhores que me vêem à mente, que tenham a ver com o meu segmento de trabalho e com minhas aspirações pessoais. Tenho algumas páginas no Notes, cheio de coisas. Mas não basta ter a ideia. É preciso fazer o “download” e colocar isso de forma visível, usando algum método.
Um dos que gosto e vejo que tem uma usabilidade boa é o formato do Business Model Canvas. Em um único visual, você consegue “baixar” boa parte da sua concepção e guiado pelo próprio formato, consegue deixar sua linha de raciocínio mais fluida. Claro que na nossa cabeça a ideia funciona de forma maravilhosa, mas quando o parto acontece, as peças acabam não se encaixando e ficando um pouco desconexas no entendimento. Tudo bem se isso acontecer. O importante é fazer o exercício de trabalhar esse plano de alguma forma.
4 – Faça uso de ferramentas acessíveis
O que não faltam são opções de ferramentas que você pode fazer uso para pelo menos testar algum tipo de protótipo ou ideia que esteja desenvolvendo. É claro que pra determinado nível de negócio, você deve ter que adquirir licenças e partir pra versões pagas, mas no início de uma ideia, você pode se utilizar de softwares acessíveis. Antes de pensar em gastar com algo, teste fazendo uso do que estiver em suas possibilidades.
5 – Ache um mentor
Não se vai muito longe trabalhando em uma ideia sozinha. E nem precisa ser assim. Você pode encontrar gente interessada em lhe ajudar e que tenha um perfil de um mentor ou mentora. Não são inacessíveis ou mercenários. Eles podem estar perto de você, ser uma professora dedicada e muito inteligente que você conheça e pode ser esse ponto de contato importante para que a sua ideia seja compartilhada com alguém que você confia que vai lhe ouvir e orientar de uma forma que lhe inspire e ajude.
Não deixe de procurar essa pessoa. É um interesse seu, acima de tudo.
É isso. São passos zero, esperando os próximos da sua jornada.
Isso tudo sendo pensado com todas as dificuldades de infraestrutura e internet. Desafio posto pra todos nós.
Sigo no barco, a caminho de Manaus.
🌊 Rios Voadores
Pra quem está chegando agora, aqui no espaço “rios voadores” são links adicionais, que podem interessar você.
Estão abertas inscrições pra quem tem uma ideia interessante de startup voltada pra área de bionegócios. Não deixe de ver essa oportunidade do Inova Amazônia, que tem prêmio em dinheiro. Confere nesse link.
🔵 Texto feito por Denys Cruz, mestre em ensino tecnológico, especialista em marketing e pesquisador em Manaus, Amazonas. É também analista técnico do Sebrae Amazonas.