Essa publicação de hoje tem um significado importante por estarmos encerrando o mês do meio ambiente, período que nos chama a atenção pra pautas vitais e que devem nos fazer mobilizar.
Uma delas é sobre a maneira como lidamos com o plástico.
Independente onde você esteja, certeza que já deve ter visto a situação dos rios próximos a você, cada vez mais tomados por materiais e resíduos que parecem compor o ambiente e ser algo quase que normal.
Em igarapés que cortam a cidade de Manaus, por exemplo, a presença de garrafas e itens de plástico chegam em um nível do absurdo, com toneladas e toneladas desses materiais sendo retirados todos os anos. Essa foto recente é do Edmar Barros e que mostra funcionários da prefeitura fazendo a limpeza em um desses igarapés.
Virou comum. Virou natural. Mas não deveria ser assim.
A mudança dessa realidade passa por diversos fatores que eu e você sabemos. Um deles é a educação.
O detalhe é que esse caos todo de resíduos só vai sofrer uma redução se, em definitivo, houver uma união de esforços de verdade.
Um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) diz que essa problemática envolvendo poluição plástica pode ser reduzida em 80% até 2040 se os países e as empresas fizerem mudanças profundas nas políticas e no mercado usando as tecnologias existentes.
O relatório de 80 páginas, chamado de “Fechando a torneira”, propõe uma mudança sistêmica para abordar as causas da poluição plástica, combinando a redução do uso de plásticos problemáticos e desnecessários com uma transformação do mercado em direção à circularidade dos plásticos.
Para os autores do estudo, isso pode ser alcançado por meio da aceleração de três mudanças importantes - reutilização, reciclagem, reorientação e diversificação. Aqui alguns destaques do próprio estudo:
Reúso: É necessário ter mais promoção de opções de reúso, incluindo garrafas reabastecíveis, dispensadores a granel, esquemas de caução, esquemas de devolução de embalagens, com os governos ajudando a criar modelos comerciais mais sólidos para os reutilizáveis.
Reciclar: A reciclagem precisa se tornar um empreendimento mais estável e lucrativo. A remoção dos subsídios aos combustíveis fósseis, a aplicação de diretrizes de design para melhorar a reciclagem e outras medidas podem aumentar a parcela de plásticos economicamente recicláveis de 21% para 50%.
Reorientar e diversificar: a substituição cuidadosa de produtos, como embalagens plásticas, sachês e embalagens para viagem, por produtos feitos de materiais alternativos (como papel ou materiais compostáveis) pode proporcionar uma redução adicional de 17% na poluição plástica.
O Relatório também aborda políticas específicas, incluindo padrões para design, segurança e plásticos compostáveis e biodegradáveis; metas mínimas para reciclagem; esquemas de REP; impostos; banimentos; estratégias de comunicação; compras públicas e rotulagem.
A gente percebe nesse infográfico do estudo que mesmo com as medidas sugeridas, 100 milhões de toneladas de plásticos ainda vão ganhar os aterros sanitários, exigindo ações como a definição de padrões de embalagens e segurança para o descarte de resíduos plásticos não recicláveis, bem como sua implementação, e a responsabilização dos fabricantes por produtos que liberam microplásticos, entre outros.
Isso tudo é pra aliviar mais os rios e oceanos.
A verdade é que estamos assistindo esse mar de plásticos ocupando espaço e muito pouco está sendo feito. Principalmente por instituições e governos. O caminho ainda é longo.
🌊 Rios Voadores
Estudo aponta quase 600 'portas de entrada' no litoral brasileiro para resíduos plásticos
Conheça o trabalho do pessoal do Descarte Correto. Há anos eles tem trabalhado pra transformar lixo eletrônico em resultado econômico com responsabilidade socioambiental na Amazônia.
🔵 Texto feito por Denys Cruz, mestre em ensino tecnológico, especialista em marketing e pesquisador em Manaus, Amazonas. É também analista técnico do Sebrae Amazonas.