Reator 2 | Edição #04 | Cadê o metaverso?
Marcas seguem apostando nessa tecnologia, apesar das desconfianças
Você já deve ter se deparado com as promessas de que o metaverso teria um grande horizonte de possibilidades e que iríamos todos nos encontrar em um espaço virtual para troca de informações e muita interatividade, usando os nossos óculos VR. As expectativas das grandes marcas de tecnologia sempre foram essas, mas na prática, existe um caminho longo pra seguir. Muito porque como todo hype, são geradas altas expectativas com tudo o que pode ser feito com a tecnologia, o que naturalmente deixa pelo caminho, muita frustração.
Mesmo com experiências interativas que temos no momento, o que inclui os jogos como Fortnite, Minecraft e a plataforma Roblox, nenhuma dessas realidades realmente consegue entregar a ideia de termos um metaverso da maneira como está no imaginário popular, com espaços completamente adequados para explorar, interagir e comprar.
De fato, o tema metaverso sofreu uma queda de procura. Em uma pesquisa no Google Trends feita nesse começo de 2023, a gente percebe como o assunto já não tem ranqueado, como há um ano.
Essa queda também é vista nos números negativos em relação ao volume de negociações de terrenos virtuais de metaversos, que caiu 98%, desde o pico de 2021. Isso é significativo e importante, pois esses terrenos virtuais são parte essencial dos metaversos, viabilizando a monetização da atividade nesses ambientes. É no terreno virtual onde se torna possível a geração de receitas, como shows, jogos, aulas e outras atividades de interação.
Essa parte real dos números nos dão uma noção do que está acontecendo com esse segmento. Não adianta planejamento e prognóstico sem olhar pra esses dados de mercado que apontam pra um norte que não tem sido nada positivo.
O conceito, criado há mais de 20 anos, tem passado por esses altos e baixos.
O que dá pra dizer é que o metaverso, em modo comercial de verdade, só vai ter uma alavancagem bem sucedida quando ele for preenchido com um rico conteúdo de atratividade, personalizado e que possa envolver o público, pra que eles sintam interesse em ter a experiência. E tudo isso com acessibilidade, sem dependência de caros equipamentos.
Alguns criadores, entendendo isso, já começaram a gerar de forma personalizada, a criação desses ambientes, baseados em uma experiência misturada de 2D com 3D, permitindo com que os usuários possam ter uma vivência de metaverso, não em futuro distante, mas agora, sendo mais uma ferramenta de ajuda para negócios, de forma imediata.
Isso significa por exemplo, em um intervalo de tempo curto, ter o seu próprio escritório virtual, com capacidade de uso pra reuniões e apresentação de serviços para clientes.
Uma referência é a Epic Metaversos, que com mais de 100 ambientes criados, encontrou uma maneira mais acessível e leve de tornar esses espaços virtuais mais fáceis de serem utilizados por parte das marcas. Sem uso de óculos, sem precisar instalar nada, funcionando inclusive em mobile e banda 3G. Eles são embaixadores da plataforma Gather Town no Brasil.
Falando na ferramenta Gather Town, aproveito pra trazer pra você uma atividade experimental que coordenei, usando essa ferramenta no ano passado, por meio de um projeto piloto em parceria com o Instituto Federal do Amazonas, onde integramos alunos do ensino técnico com palestras de tecnologia e metaverso. A atividade foi uma ação do laboratório de inovação do Sebrae em Manaus e envolveu mais de 80 alunos, que puderam ter um primeiro contato com um ambiente de metaverso. Aqui você pode ver alguns desses registros. Nessa própria experiência feita aqui no Amazonas, com feedbacks positivos por parte de quem participou, pude identificar variações e alternativas que podem ser aplicadas em outras realidades.
A verdade é que o metaverso continua sendo um alvo de investimento, com aposta alta de uma das que mais está colocando suas fichas nisso: A META, que já injetou 15 bilhões de dólares e tem recebido uma pressão violenta de investidores pra que haja um retorno o mais breve. Apesar desses bastidores, metaversos famosos como The Sandbox seguem com apoio de grandes empresas como Adidas, Atari e muitas outras, lançando espaços e estratégias, na esperança de estarem na frente, quando o gigante acordar pra valer.
Apesar de não estar muito claro o que o futuro do metaverso reserva, ele parece ter captado a imaginação de consumidores e marcas. O levantamento feito pela Visual GPS, divulgado essa semana pelo portal Ecommerce Brasil, mostra que pelo menos 7 em cada 10 consumidores brasileiros ainda estão interessados no metaverso. Se eles sabem ou não o que significa, aí é outra história.
Entendo que o ponto de retomada de atenção por parte do grande público em relação a essa tecnologia será o momento em que o desenvolvedores dos principais metaversos atuarem de maneira mais forte na recriação de experiências humanas em grande escala, pra além do vídeo game. Algo que sempre foi a promessa do metaverso. Um mundo livre das leis da geografia, tempo e do espaço. Se houver esse ajuste e acerto, pode ser que tenhamos um novo BOOM pra essa tecnologia. Eu espero que sim.
🌊 Rios Voadores
Há uma onda de pessimismo envolvendo o tema. Achei interessante a coluna Tilt, que trouxe alguns pontos que vão na contramão e mostram motivos positivos que justificam a necessidade de ficarmos atentos ao tema.
Quem seguir: Uma pessoa referência no tema metaverso é o Luiz Guedes. Com experiência de anos no mercado de inovação, é um contato que vale a pena acompanhar. Ele mesmo já me ajudou em muitos momentos com orientações e mentorias e é um apaixonado por tecnologia. Siga.
Um outro contato importante é a da Liziane Quadros. Ela comanda a The Cubic e tem desenvolvido projetos que envolvem a diversidade e a inclusão social no mundo virtual. Saiba mais em thecubic.com.br.
Agradeço por ler até aqui. Não deixe de mandar pra frente esse link e convidar seus amigos pra cá. Toda sexta tem um conteúdo novo chegando.
🔵 Texto feito por Denys Cruz, mestre em ensino tecnológico, especialista em marketing e pesquisador em Manaus, Amazonas. É também analista técnico do Sebrae Amazonas.