Reator 2 | #28 | Nossa saúde mental pode ser melhor
Sabemos disso, mas pouco fazemos a respeito
Vivemos em um mundo que parece nunca parar. As exigências do trabalho, as pressões sociais e a busca incessante por produtividade, muitas vezes nos fazem negligenciar algo crucial: nossa saúde mental. Parece que, no meio dessa correria, acabamos relegando nossas próprias emoções e bem-estar a segundo plano.
Esse assunto ganha ainda mais relevância quando a gente observa algumas pesquisas recentes que investigam a saúde mental dos brasileiros.
Um levantamento que me chamou a atenção essa semana foi a informação de que três em cada dez brasileiros enfrentam sintomas de ansiedade, problemas de sono e alimentação.
O mais interessante nessa pesquisa da Folha, é que ainda assim, só 7% da população avalia a sua saúde mental pessoal como ruim ou péssima, sendo a faixa etária entre 16 e 24 anos a mais insatisfeita (13%).
De acordo com essa pesquisa, 70% dos brasileiros consideram a saúde mental como ótima ou boa, e 23%, como regular.
Mas mesmo com essa auto-avaliação positiva, 23% dos homens e 38% das mulheres se sentem ansiosos sempre ou frequentemente.
O assunto é uma preocupação global.
De acordo com o relatório World Mental Health 2022 feito mundialmente pela IPSOS, esse tema está em segundo lugar como foco de atenção, logo depois da COVID, com 36% das pessoas entrevistadas, demonstrando essa preocupação.
E muito do que a gente tem como consequência de ambientes que sugam ao máximo o que um profissional pode oferecer, se desdobra como efeitos do que conhecemos como stress.
De acordo com esse levantamento da IPSOS, 63% das pessoas já experimentaram essa situação em algum momento.
41% das pessoas abaixo de 35 anos, já perceberam os efeitos do stress diversas vezes na vida.
Aqui o relatório completo. [Em inglês]
Sem dúvida, pensamos muito sobre a importância do bem-estar e saúde mental. Veja a posição do Brasil quando a pergunta é sobre com que frequência a pessoa pensa em sua saúde mental. Estamos em segundo lugar, logo depois de Portugal, dentre os mais preocupados com o tema.
O grande detalhe tem a ver com as providências que são dadas.
A verdade é que existe muito estigma sobre o assunto, principalmente na nossa cultura.
As pessoas tendem a confundir o conceito de saúde mental. Acham que, ao dizer que ela não está boa, isso pode significar uma doença mental grave, como esquizofrenia. E há todo um preconceito em torno desses transtornos. Algo que não deveria existir como barreira, principalmente quando reconhecer a condição é vital pra que o próximo passo possa ser dado que é o do tratamento.
Algumas ações são fundamentais para melhorar a saúde mental, como exercícios físicos regulares e uma dieta saudável. Mas acima de tudo, é importante acabar com nosso vício prejudicial em tecnologia e tentar apoiar os colegas no local de trabalho. O vício em tecnologia pode afetar mais os jovens, mas aplica-se a todas as faixas etárias.
Especialistas dizem que ações possíveis incluem fazer pausas para não ficar on-line, passar mais tempo longe das telas dos celulares, criar uma demarcação clara entre trabalho e casa e acabar com o hábito de rolar o feed infinito nas redes sociais.
Como mostra um outro estudo sobre o assunto, feito pelo AXA, há benefícios claros para os líderes de empresas em promover uma melhor saúde mental. Os empregadores precisam oferecer apoio eficaz no local de trabalho como parte de benefícios mais amplos do emprego e entender a relação entre uma boa saúde mental, uma cultura positiva e o desempenho. Os gerentes precisam dar aos funcionários um maior senso de controle sobre onde e como eles trabalham, e garantir que o treinamento seja adequado a cada trabalho individual, para que os funcionários tenham as habilidades certas e não se sintam sobrecarregados.
Enfim, priorizar o bem-estar emocional é um investimento essencial e urgente.
🌊 Rios Voadores
Pesquisando sobre o assunto, encontrei esse vídeo super interessante da Sophie Scott, sobre Porque nós rimos.
🔵 Texto feito por Denys Cruz, mestre em ensino tecnológico, especialista em marketing e pesquisador em Manaus, Amazonas. É também analista técnico do Sebrae Amazonas.