Estamos sempre em busca de maneiras mais rápidas pra executar nossas tarefas. Não é por acaso o sucesso dos GPT´s da vida, que rapidamente foram adotados e colocados em prática, nos economizando o pensar. Se o resultado oferecido é algo original ou cópia, o que interessa nesse processo todo é o tempo, tão valioso e escasso. Se o que for preciso ser feito depender de uns poucos comandos, que o tormento criativo dure apenas instantes que antecedem a ordem para o chat.

Viramos caçadores de ideias. Originalidade pode ser algo a ser pensado, mas não é a maior das preocupações. Com milhares de produtos já criados, com tantas ideias concebidas artificialmente por microssegundo, é praticamente impensável, pra não dizer impossível, brotar algo do zero. Seja um texto, um traço, uma ilustração, uma postagem, uma carta de amor, um email de pedido de demissão.
Originalidade. Cópia. Plágio. Inspiração.
Palavras divergentes mas que se completam na formação de algo novo, que sempre vai beber de uma fonte existente. Não existe nada novo, já diria o outro.
Plágio é uma palavra forte, com um ar agressivo e até mesmo um tanto criminoso. Pra muitos, é um corte de caminho, um atalho sombrio e com baixa iluminação, cheio de mato, que em alguns momentos somos tentados a entrar, pra chegar mais rápido ao destino. Pra outros, uma arte legítima de absorção de conceitos pra uma nova realidade, mesma que ela seja a troca de uma vírgula, por um ponto seguido ou travessão.
Nesse assunto mora a discussão sobre a propriedade de uma concepção. O entendimento de posse de uma linha de raciocínio, proposta ou projeto concebido, seja por uma ou várias mãos.
Quem pode alegar ser dono de uma ideia?
Ninguém pode. Nesse campo residem dificuldades até mesmo em processos de contratação de algumas instituições, pra testificar que uma determinada solução oferecida, ninguém no Brasil ou no mundo faz igual.
Mas tem quem acredite ser detentor da fonte única da criatividade. Recentemente tive uma surpresa inesperada com esse assunto. Como lido diariamente com diversos clientes, consultores e pessoas interessadas em melhorar suas empresas, tenho acesso a todo tipo de ideia, projetos e invenções de toda ordem. E claro, por ofício, ouço tudo, com objetivo de ajudar esses indivíduos, assim como também trabalhar melhorias nas ações que desenvolvo. Ouvir é um passo fundamental quando se trabalha em projetos pra sociedade e eu gosto muito de fazer isso, pois me abre uma frente de contatos com os mais diferentes personagens.
Mas no meio disso tudo tem pessoas e pessoas. Uma delas, professor jovem, inteligente, cheio de ideias, por vontade própria me enviou uma série de sugestões de melhoria pra minhas atividades de projeto (isso diretamente no meu zap, que praticamente é de acesso público), sobre como eu poderia atuar. Nada de outro mundo. Nada que mudasse meu cotidiano atolado com tantos afazeres. Mas tudo bem, estamos aqui pra isso. Passam-se algumas semanas, sigo trabalhando na minha rotina inventiva. Daí recebo uma mensagem da minha gerente me informando que o dito professor, uma pessoa que tanto ajudei, incentivei, dando espaço até relativamente prioritário na minha agenda pessoal, havia mandado um email descrevendo uma série de atividades minhas, que segundo ele, se tratavam de ações idealizadas por ele e que eu estaria colocando em prática sem sua autorização. Fiquei tomado de ódio. Logo eu, com anos de atuação na minha área de trabalho, tendo que encarar uma acusação de roubo de ideia. Uma inverdade ousada e sem noção. Encurtando a história, como o trabalho fala mais do que qualquer acusação, o cidadão recebeu uma senhora resposta formal da minha gerente, resultando no silêncio e no fim do papo. O cara sumiu.
Mas isso me fez pensar muito sobre o tema da originalidade e esse terreno de areia fofa que não nos permite nem mesmo pensar em ideias novas. Pode ser que em algum momento alguém se levante e diga: “Ei, essa ideia é minha! Eu que pensei nela antes!”
Fato é que ideias em si entram em um campo um tanto enigmático. O que penso ser algo inédito, totalmente novo, absurdamente exclusivo, já foi pensado por tanta gente, em diversas partes do mundo. Na realidade a lei protege a expressão concreta de ideias, ou seja, a forma como elas são materializadas em textos, músicas, obras de arte ou invenções, mas ideias não podem ser registradas ou patenteadas pois a lei protege muito mais o autor (quem expressa a ideia) do que o criador (quem apenas teve a ideia). Portanto, só quando uma ideia se transforma em obra é que passa a ter um amparo maior em nível de proteção.
Percebo e entendo cada vez mais que quando inovadores potencializam o receio de que suas ideias possam ser vistas como cópias ou que possam, mesmo sem intenção, criar algo que possa parecer plágio, acabam evitando explorar caminhos criativos ousados, limitando o potencial de inovação.
Que esse tipo de situação não aconteça com você, mas se sim, que não seja um limitador pra seu ato criativo.
Falando nisso, me responde aqui:
É isso! Cuide-se. Até uma próxima!
Denys Cruz
Encaminhe essa News pra algum amigo seu. Agradeço muito se mandar pra frente esse meu conteúdo.